Soneto
E ele morreu. Ele que foi um forte
Que nunca se quebrou pelo Desgosto
Morreu… mas não deixou na ara do rosto
Um só vestígio que acusasse a Morte!
O anatomista que investiga a sorte
Das vidas que se abismam no Sol-posto
Ficaria admirado do seu rosto
Vendo-o tão belo, tão sereno e forte!
Quando meu Pai deixou o lar amigo
Um sabiá da casa muito antigo,
Que há muito tempo não cantava lá,
Diluiu o silêncio em litanias…
E hoje, poetas, já faz sete dias
Que eu ouço o canto desse sabiá!