Soneto
Vamos, querida! Já é Ave-Maria
– A hora dos tristes e dos descontentes.
Desfaz-se o peito em vibrações dormentes
E o Fado geme sob a névoa fria!
Que eu sinta n’alma o que tu n’alma sentes!
Nesta Missa de Atroz Melancolia
Bebes chorando o Vinho da Agonia
– Consagração das almas padecentes!
Foi numa tarde assim que nos amamos.
Silfos morriam… No ar, os gaturamos
Num recesso de névoa, adormecida…
Punge-me o peito da Saudade o cardo
Enquanto um mocho, sonolento e tardo,
Canta no espaço a maldição da Vida!